N
30
jun
2012

Fábulas #1 | Crítica

Gibas
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Era uma vez…

Não. Esse post não precisa começar assim. Até porque a Hq Fábulas não tem nada de “Era uma vez…”, “Então viveram felizes para sempre.” ou “Há muito tempo…”. Uma Branca de Neve diretora de operações, um Lobo detetive e um assassinato misterioso. Assim começa Fables 1, com as fábulas que conhecemos vivendo escondidas entre nós, suas terras natais roubadas, suas riquezas perdidas, príncipes e princesas vivendo como funcionários públicos e garçonetes, poucos finais felizes e muitas rixas internas para que a população de fábulas possa viver em paz no mundo dos “mundanos”.

Inicia-se assim o conto criado por Bill Willingham relançado esse mês em um encadernado contendo as cinco primeiras edições de Fables. Com desenhos de Lan Medina, o volume um, trata do desaparecimento de Rosa Vermelha, irmã da Branca de Neve, e seu possível assassinato. Durante as investigações lideradas por Bigby “Lobo” (sim, o lobo dos três porquinhos), Willingham aos poucos introduz pedaços a história passada das fábulas e o porque delas terem que viver entre os humanos. Óbvio que elas devem se misturar, sem chamar atenção dos “mundanos” (forma como as fábulas chamam os humanos) e aqueles que possuem formas animalescas irreversíveis, mesmo com magia, ou não podem pagar pela transformação, vivem fora da cidade estabelecida como capital para os remanescentes da invasão que modificou a forma de viver das fábulas e que de certa forma uniu os inúmeros povos e variedades de seres sob uma só causa, a sobrevivência.

É nesse panorâma que a investigação do Sr. Lobo é conduzida, com princesas que aprendem esgrima com o pirata Barba Azul e falam palavrões de mais, com porcos falantes que vivem na casa do lobo, príncipes falidos que aplicam pequenos golpes para viver e um governo administrado pela Branca de Neve prestes a ruir ao menor dos problemas.

Fábulas não é só mais uma história que recicla os mitos e contos antigos em uma nova perspectiva, é uma mitologia própria que trata cada fábula como um indivíduo único, dotado de emoções e anseios, assim como os humanos, que são capazes de fazer o que for preciso para alcançar o tão desejado “felizes para sempre” que todos nós, mesmo que inconscientemente, buscamos todos os dias.

Willingham não só escreve bons diálogos como também cria interessantes relações entre diversos personagens que até você abrir a primeira página jamais teria imaginado, mesmo em seus dias mais criativos de devaneios.

Tenho o enorme prazer de ter lido essa HQ a alguns minutos e tive que correr para contar o quanto foi gratificante a leitura. Não espere finais felizes, não espere o óbvio e divirtasse com uma HQ que promete infindáveis e excelentes histórias de amor, terror, intrigas e palavrões. Fábulas volume 1 é apenas o “era uma vez…”.

Fábulas #1 com roteiro de Bill Willingham, desenhos Lan Medina, artes finais de Steve Leialoha e Craig Hamilton e cores de Sherilyn van Valkenburgh têm 130 páginas e custa R$18,90.

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