Houve uma época em que encontrávamos enxurradas de revistas mensais com numeração extensa nas bancas. Acompanhadas delas tínhamos as mini séries, e por último alguns encadernados, que eram poucos, e, quase sempre, sinônimo de qualidade. Ver aquela série antiga que saiu em várias edições ser relançando em um encadernado de luxo era lindo! Mas isso há vários anos atrás. Hoje a história é outra.
Comprar uma série encadernada hoje ficou fácil e comum. A maior dificuldade está em decidir o que levar para casa baseado na eterna disputa “qualidade vs preço”. Sério, tem banca com mais encadernados do que revistas mensais! Tem encadernado de tudo quanto é tipo, de tudo quanto é editora, de diversos tamanhos e valores. Isso deveria ser uma vitória, mas nem sempre é o caso. Desde que comprei a minha “edição definitiva” do Cavaleiro das Trevas, já vi mais duas serem lançadas, também definitivas. Ao lado delas vi histórias medíocres que foram lançadas em revistas mensais reunidas em um só volume. E não muito longe edições de luxo de artistas como Neil Gaiman. A questão é: hoje se publica qualquer coisa, boa ou ruim, como se uma história em um volume único e capa dura fossem sinônimos de qualidade. Não são!
O maior exemplo na atualidade são os lançamentos da editora Salvat. Nada contra a editora, pelo contrário. Quem não adorou ver vários encadernados da Marvel serem lançados a um preço muito mais honesto do que os praticados pela Panini?! E de fato a Salvat lançou muita coisa bacana. Teve “A Queda de Murdock”, “Planeta Hulk”, “Marvels”, “Os Supremos”. Mas também teve histórias sem relevância nenhuma, como “Capitão América” e “Vingadores Eternamente”. A Panini, mesmo praticando preços muito alto, vai na mesma linha de raciocínio de lançamentos, tanto com seus títulos da Marvel quanto da DC. Temos Demolidor de Brian Bendis (ótimo) e A Era de Ultron (fraco).
Outro fator que também fez decair a qualidade dos encadernados lançados é o oportunismo gerado pelo cinema. É só um filme de super herói ser lançado que temos também uma edição especial com histórias dele nas bancas. E na maioria das vezes é porcaria. Pagamos pela embalagem. Então como diferenciar o que vale a pena do que não no meio de tanta bagunça? Não tem solução fácil. Se você não tiver referências então tem que pesquisar mesmo. Leia a sinopse na internet, pergunte aos amigos, confira o roteirista e a arte. Veja se o que você está comprando é apenas um arco de histórias qualquer ou se é algo relevante que voltou em um formato melhor. Importante saber também se a edição não é um conjunto de histórias mensais que ainda estão em andamento lá fora mas que aqui no Brasil são lançadas com uma periodicidade menor e em volumes maiores, como Fábulas, Demolidor e The Walking Dead.
Mas não quero terminar esse post como se fosse uma mensagem de repúdio às edições de luxo dos quadrinhos. De maneira nenhuma. Quero sim deixar claro que essa “febre” de lançamentos que tem ocorrido há mais de 2 anos não é necessariamente uma coisa boa. Para quem acompanha o mercado e sabe o que está comprando é ótimo, mas para os desavisados pode ser uma arapuca na qual os fãs de quadrinhos encontram a situação mais decepcionante possível: gastar muito dinheiro com algo que acaba sendo ruim.
Por fim, boa sorte e boa leitura a todos! Deixem nos comentários suas sugestões de compras. 😉
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