Mulher-Gato | A Cidade Eterna

Mais uma vez Jeph Loeb e Tim Sale mergulham o bat-universo no mundo da máfia e o que eles puxam de volta dessa mistura é mais uma excelente história de suspensa, tiros, brigas e fantasias. Dessa mesma dupla, eu já havia lido Batman: Dia das Bruxas e Batman: O Longo Dia das Bruxas, mas agora o foco da história é Selina Kyle, a Mulher-Gato que está em busca de solucionar as charadas de seu passado e para isso vai a Roma, investigar os chefões da máfia italiana.

Se você foi rápido(a), deve ter percebido que não usei a palavra “charadas” atoa, Edward Nigma, O Charada, também está nessa história de investigação e Selina o convida/contrata para ajudar a desvendar o mistério de sua infância e qual a sua relação com a família criminosa Falcone. Jeph não é nada bobo em usar o Charada em suas histórias, seja como personagem principal, coadjuvante ou aparecendo somente no fim da história, a presença do Charada sempre possibilita grandiosos plot twists (reviravoltas na história), onde estava tudo na sua cara o tempo todo, em pequenas passagens ou frases, e o roteiro sempre muito bem amarrado de Loeb, não deixa você negar que a reviravolta é possível, mesmo porque as histórias dele, muitas vezes enganam o leitor e focam e um personagem ou uma trama que ao final são substituídos pelas sub-tramas e personagens secundários e esses se apresentam como a causa e efeito de toda a história.

A representação de Loeb para a máfia, pelo menos ao que acreditamos ser, é fiel ao seu funcionamento e regras internas, às disputas de poder e traições e todas funcionam muito bem nessa história onde a Mulher-Gato passa 6 dias em Roma e nesse tempo leva tiros, foge de cães, rouba um anel do Vaticano, se apaixona e é atormentada pelo medo e amor que têm pelo Batman. O desenhos limpos e escuros de Tim Sale ajudam a criar a atmosfera no estilo “O Poderoso Chefão” e faz os uniformes (fantasias) ficarem um pouco mais plausíveis e menos espalhafatosos. A única personagem que causa um pouco de estranheza é a Mulher-Leopardo, mais leopardo que mulher, mas ela é agressiva, resistente e luta como um animal, então talvez combine e você não ache tão destoante do resto da história.

Mulher-Gato: A Cidade Eterna é a melhor história solo de Selina que eu já li e entra também no hall de uma das melhores do bat-universo. Sensual sem ser vulgar, ação sem mega explosões, mistério sem respostas óbvias, tudo que você vê por aí, só que feito por quem realmente sabe. O encadernado contém a 6 edições originais, mais alguns esboços e comentários dos autores ao final. Mulher-Gato: A Cidade Eterna têm 164 páginas e custa R$23,90 (um ótimo preço para uma edição capa-dura).