Ventos da mudança sopram, de tempos em tempos, por todas as formas de arte e expressão que o homem já criou. Tendências são substituídas, padrões alterados, novas visões implementadas e antigos maneirismos são abandonados. Mas até quando teremos a grande maioria das histórias com finais felizes?
Uma leve mudança já pode ser percebida em filmes de terror, por exemplo. Nos mais novos, nem sempre o mocinho vence, aquela sensação de que não há mais saída, de que o final será com derrota, tristeza ou morte, se confirma. E ficamos satisfeitos com aquele final, pois ele é próximo da realidade. Ninguém é capaz de resolver e se safar de todos os problemas, a derrota inevitável nem sempre dá poder e coragem aos aflitos, permitindo que estes sejam capazes de superar todos os obstáculos.
Assim chego aonde eu queria. Quando as grandes editoras, Marvel e DC, terão a coragem e capacidade de pelo menos querer sacudir a poeira dos velhos tempos e partir para histórias mais ousadas, que desafiem o leitor, que confundam sua cabeça e que tenham finais onde eu possa realmente acreditar que era possível. Quando as grandes sagas realmente causarão estragos, quando teremos a certeza de que um personagem morto não voltará magicamente?
Uso como exemplo, duas histórias que saíram a duas semanas no Brasil, são elas: A Essência do Medo 7 e Grandes Heróis Marvel 16. A primeira é grandiosa, um fechamento da saga toda, mostrando as primeiras consequências e baixas da guerra. Mas apenas deuses e heróis acompanhantes morreram. Deuses retornam, heróis secundários não causam muitas mudanças, então para que serviu toda a saga. Quais foram as mudanças no universo Marvel que fizeram valer a pena uma saga tão grandiosa e alardeada?
[SPOILERS]
Em Grandes Heróis Marvel 16, uma história menor, de universo paralelo e com o Justiceiro, temos mais uma vez um enredo de infecção, epidemia e heróis contaminados. Mas o final é uma surpresa, pois estavam todos bem, o Justiceiro, os reféns e até um dos vilões estava se dando bem. Até que o Justiceiro mete uma bala na cabeça dele. O Justiceiro não faz acordos com criminosos.
Ainda é pouco. Queria que as revistas mensais que leio chegassem em algum lugar, que os personagens evoluíssem, que os micro universos criados pelas grandes editoras passassem por modificações de tempos em tempos, para aqueles leitores assíduos terem novidades para ler. Novidades de verdade. Se não, os quadrinhos mensais e grandes sagas vão ficar iguais às novelas. Basta ver o primeiro e último episódio para saber a história toda.