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Asterix: O Papiro de César – Crítica

Uma vez mais fomos agraciados com um novo volume de Asterix, e novamente pelas competentes mãos de Jean-Yves Ferri (roteiro) e Didier Conrad (desenhos). Responsáveis pelo última história do pequeno gaulês, Asterix entre os Pictos, a dupla mostra novamente que não somente tem um grande respeito pela obra de Renné Goscinny e Albert Uderzo, mas que também possuem capacidade de dar continuidade à ela de maneira bem competente.

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Obviamente é  difícil evitar comparações, não somente com a última edição feita por eles, mas também com as antigas do autores originais. Em relação ao último volume, eles claramente evoluíram: o novo é mais divertido, cômico e bem desenhado. O problema é na hora de avaliarmos em relação aos antigos clássicos, pois Asterix teve duas fases, e fazer qualquer comparação sem distingui-las pode ser bem injusto.

Renné Goscinny era um gênio que partiu cedo demais. Seus roteiros de Asterix eram fantásticos e as referências históricas ótimas (dica: ler os álbuns de Lucky Luke escritos por ele), e junto com Uderzo que, é um tremendo desenhista, eles criaram histórias memoráveis. Mas infelizmente toda essa qualidade se perdeu quando Goscinny morreu e Uderzo passou a escrever e desenhar as histórias sozinho. Uderzo criou algumas edições boas e outras ruins, ma de maneira geral, o padrão havia caído muito e até mesmo alguns detalhes do universo de Asterix foram alterados.

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Enfim, se comparadas às histórias mais clássicas de Asterix, as novas chegaram perto (principalmente a arte) do antigo padrão de qualidade, mais ainda não estão no mesmo patamar. E se comparadas às edições feitas somente por Uderzo, elas superaram e deram novo fôlego à franquia. Considerando tudo que já foi feito desde que a primeira edição foi lançada em 1959, nada mais justo do que considerar a fase atual um grande sucesso.

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Demolidor: Revelado – Crítica

O último encadernado lançado pela Panini sobre o Homem Sem Medo foi um difícil de adquirir. Não por dificuldade de encontrá-lo à venda em bancas ou livrarias, nem por alguma dúvida se valeria a pena a leitura. Já sabia que seria ótima por ter lido quando saiu em revistas mensais. O difícil mesmo foi superar o preço alto dos encadernados da Panini, ainda que seja uma edição grande e bem feita. Mas não vou entrar nesse mérito agora.

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Com roteiro de Brian Michael Bendis e, em sua maior parte, desenhos de Alex Maleeve (que faz um trabalho excepcional), Demolidor: Revelado é uma das melhores fases da história do herói e mostra os perigos e pressões que ele tem de lidar após descobrir que mais pessoas estão sabendo sua verdadeira identidade. Apesar de termos outros super heróis e super vilões aparecendo ocasionalmente, o foco maior ficar nos inimigos da máfia, dando um tom mais sombrio à história. Outro elemento que é reforça isso são as ótimas cores de Matt Hollingsworth.

O encadernado contempla as edições 26 à 40 lançadas nos EUA, no entanto, infelizmente a qualidade das histórias cai nas últimas três edições. Ainda que o roteirista seja o mesmo alguns fatores contribuem para isso:

1 – a arte muda drasticamente, perdendo o clima construído durante as anteriores;
2 – a história toma um rumo completamente diferente e mostra Matt Murdock defendendo no tribunal um super herói injustamente preso;
3 – temos uma edição com um final irrelevante que não acrescenta nada à trama principal.

A menos que a Panini tenha planos de ainda lançar outro encadernado com a continuação desse arco (o que seria ótimo, já que existe MUITA coisa bacana que veio em seguida), o melhor a ter sido feito seria encurtar o encadernado até a o final da edição 37, preservando a qualidade e reduzindo o preço. Mas já que isso não aconteceu, vamos torcer então para que publiquem mais material no futuro. Quem sabe quando sair a segunda temporada da série no Netflix?!

Mas afinal de contas, vale a pena comprar? Se estiver na promoção, sim. Com certeza! Brian Bendis e Alex Maleev formam uma dupla sensacional e já vimos isso várias vezes (como em Alias e Cavaleiro da Lua), e juntos provaram que nem só de Frank Miller vive o Homem Sem Medo.

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Will Tirando

Essa semana eu estava procurando uma nova web tira para ler quando me deparei com as do Will Tirando. Percebi imediatamente que até então eu não havia lido praticamente nada dele, o que era uma vergonha. Para que nunca ouviu falar, Will Tirando é o blog criado por Willian Leite onde ele posta de 2010 suas tirinhas. Além do blog estar no ar há tanto tempo, outros dois fatores que aumenta minha vergonha foi o fato de ele ter arrebatado o prêmio de melhor web tira no Troféu HQMIX 2015 e de ter comparecido ao FIQ 2015.

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Não vou entrar no mérito se foi merecido ou não o prêmio. Esse é um assunto polêmico para outra hora. Mas sem dúvida a obra com certeza tem grande mérito a ser reconhecido. Com um humor light e às vezes algumas críticas à sociedade, as tiras divertem sem precisarem ser apelativas ou clichês, parecendo muitas vezes despretensiosas. O que para mim é ótimo!

A arte é apenas ok. Com certeza não é ruim, mas também não é um dos pontos onde o autor mais se destaca. As ilustrações cumprem o seu papel descritivo, porém, falham em diversificar as expressões das personagens e não contribuem muito para o humor da tirinha.

As histórias tem alguns personagens principais que aparecem com mais frequência, como Anésia (a velhinha ranzinza), Astolfo (o gato preto azarado) e até mesmo o próprio autor, no entanto, vemos com frequência personagens aleatórios ou charges de outros famosos. Essa diversidade é um grande ponto positivo por deixar a leitura e as piadas menos repetitivas, de forma que podemos continuar acompanhando os personagens que mais gostamos sem ficarmos saturados deles.

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Em dias em que o comum é encontrarmos na internt pessoas gritando ao invés de conversarem, ou apenas reclamando da vida sem parar, é bom ter algo simples e inteligente para ler. Principalmente quando o objetivo é apenas divertir.

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Darth Vader e filhos

Darth Vader é um cruel vilão que trabalha como braço direito do imperador e taca o terror na galáxia. Exceto quando está cuidando de seus lindos filhos. Aí ele é fofinho, ou pelo menos na visão de Jeffrey Brown que criou Darth Vader e Filho e A princesinha de Vader, coletâneas de tirinhas satirizando como seria se o grande vilão fosse um pai carinhoso educando seus filhos. O primeiro volume foca relação dele com Luke Skywalker e o segundo com a princesa Leia.

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Com ótimas ilustrações e tirinhas que variam entre a meiguice e a comédia, ambos os volumes são bem legais agradam mesmo quem não é um super fã de Star Wars.  Também funcionam como opções para presentes de Natal esse ano. 😉

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FIQ 2015 – parte 3

E vamos continuar os reviews das aquisições no FIQ.

singular-capaSINGULAR – Emanoel Melo

Singular é um quadrinho de ficção científica situado em algum período da história humana, provavelmente daqui algumas centenas de anos onde a raça humana parece estar extinta e as máquinas herdaram a terra.

Em meio a este mundo desolado, surge uma andarilha sem nome, que diz ter sido enviada pelo criador para descobrir o que aconteceu com a humanidade. Essa é a principal pergunta da hq. Ainda existem humanos? Ou nossas criações robóticas e nossos restos mortais serão os últimos indícios de que os humanos existiram?

Primeiro, o que mais me chamou a atenção na hq foi ela ser toda em preto, azul e branco. Isso ajuda muito a representar a desolação do mundo criado e a frieza das máquinas. A arte me lembra um pouco os mangás, mas com traços mais limpos, sem todos aqueles rabiscos da arte oriental.

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Apesar de pequena (o que é bom a gente sempre quer mais), a história é muito boa, com reviravoltas e o suspense de uma boa ficção científica. O autor entrega apenas pedaços de informações sobre esse mundo sem humanos e cabe ao leitor preencher as lacunas da forma que lhe parecer mais incrível.

Ao final da hq foram colocados alguns sketches, o que sempre acho muito interessante para sabermos como o autor chegou no resultado final e ele também coloca sua ideia de como será o futuro com as máquinas. Não sou tão otimista quanto ele.

Por fim, gostei bastante, queria que fosse maior e acredito que o Emanoel pode continuar escrevendo e desenhando robôs, pois se o futuro da robótica é incerto, a qualidade de sua arte, pra mim, já tem um futuro garantido.

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Ah, já ia me esquecendo, eu adorei a capa. Com certeza vai pra minha estante.

Nota HQQISSO:

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Quer mais? Acesse: Emanoel Melo

mariposa-capaMARIPOSA – Marcatti

Lá dentro do FIQ, naquela loucura de hq’s e autores e gente andando pra todo lado, eu encontrei um cara, chamado Marcatti, muito gente boa, bom de papo e conversamos por um bom tempo. Acabei comprando um hq e mesmo sem conhecer o autor ou qualquer uma de suas obras, me arrisquei e levei para casa uma de suas histórias escatológicas e de gosto duvidoso, como o próprio autor me avisou.

Ele estava certo, a parte escatológica não é nem um pouco o meu estilo. Já todo o resto, a história, o texto, os desenhos, os personagens, não é atoa que essa hq ganhou prémio. Marcatti é um fantástico contador de histórias.

Mariposa começa com o camarim de uma boate de quinta categoria, onde as prostitutas Fercínia e Marlésia se preparam para mais um show de rotina. Ambas são exploradas sem dó pelo cafetão Herminiano, um escroque ganancioso e sem escrúpulos, que as condena a fazer o que ele bem entende. Esta noite, porém, Fercínia está com um brilho diferente nos olhos: ela espera ansiosamente que Nevair, um dos clientes mais assíduos da casa, a peça em casamento e a tire dessa vida.

Nevair acaba em um triângulo amoroso bizarro e as bizarrices continuam até o fim. Mas é na construção da história e dos personagens que esta história se sobressai. A complexidade dos relacionamentos e da psique de cada um reflete a realidade e ficamos tão envolvidos na história que mesmo nas partes escatológicas que você não quer ler, você continua lendo, porque você precisa saber o final.

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Em meio a reviravoltas, amores, descobertas, assassinatos, sexo e piadas, a arte não deixa barato e apresenta personagens exageradamente realistas. Esqueça galãs e mulheres perfeitamente desenhadas, Marcatti retrata o mundo real, um pouco pior do que ele é.

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Não conheço as outras obras do Marcatti, mas recomendo a leitura de Mariposa por toda a diversidade de significados que ela carrega e porque o autor é uma grande pessoa, se você tiver a oportunidade de trocar algumas palavras com ele, faça. Ao final da hq temos um making of, mostrando partes do processo de criação, vale a pena conferir.

Pra fechar, deixo aqui uma pequena parte do texto de Marcatti, que fala sobre a voracidade de uma paixão: “Lasciva e insaciável, vem cobrar seu merecido preço. Seu sangue pelo meu suor. Sua fome pela minha sede. Seu corpo pela minha alma. Seu amor pela minha paixão.”

Nota HQQISSO:

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Quer mais? Acesse: Marcatti

yang-capaO MUNDO DE YANG – Orlandeli

Essa hq foi uma adorável surpresa pra mim. Já na compra, gostei muito do autor e levei marcador de livro, sacola, bottom e a hq.

O Mundo de Yang é a fantástica história de um garoto, chamado Yang, que vai parar em outro mundo, cheio de perigos e descobrindo que ele é o escolhido para equilibrar as forças, começa sua jornada com aventuras e amigos improváveis.

Obviamente inspirada na cultura oriental, a hq começa com Yang e “a voz” e logo no início já temos o tom de humor de permeia toda a história. Apesar de Yang ser o principal, pra mim o personagem que ganha essa hq e me faz recomendar sua leitura é o Loh. Meio humano, meio peixe ou sapo, não sei. O que sei é que ele é o guia/mentor de Yang, que o ajuda nessa aventura. É do Loh que vem as melhores piadas da hq. Como todo mestre oriental, ele é cheio de provérbios e enigmas, só que meio doidos e sem nexo a primeira vista.

A história possui várias mensagens que extrapolam o mundo de Yang e servem para o nosso dia-a-dia, como: “O caminhante que aprecia a jornada não sente o peso da mochila”.

Cheia de simbolismo, a hq segue a jornada do herói, primeiro um sujeito qualquer, depois a descoberta da missão e então o treino para se tornar o escolhido. Em meio a essas etapas várias características da cultura oriental aparecem, como o mestre que testa seu aprendiz do jeito mais doloroso, os amuletos que servem para amplificar a força interior, a eterna luta entre a luz e a escuridão.

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Orlandeli possui uma arte ímpar e característica, seus traços são expressivos e rebuscados valorizando ainda mais a luta entre o bem e o mal. Sua história é bem contada e ainda que trate da jornada do herói, é diferente do que você já leu ou já viu. Uma boa mistura entre o ocidental e oriental.

Ao final, temos uma galeria com desenhos do Yang feitos por artistas convidados e ficou muito foda!!!

Realmente me agradou muito e fiquei satisfeito em comprar e ler essa hq que me fez rir e refletir.

Nota HQQISSO:

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Quer mais? Acesse: Orlandeli

 

Bom pessoal, por hoje é só.

Espero que tenham gostado e que tenham também a oportunidade de ler essas hqs.

Até a próxima!!!!!

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FIQ 2015 – Parte 2

E começam agora os reviews das incríveis obras compradas no FIQ.

Teve coisa boa, teve coisa ótima, teve também algumas que não gostei e chega de enrolação, vamos ao que interessa.

sete-mil-palmos-capaSETE MIL PALMOS – Guilherme Sommermeyer

Na verdade são duas hq’s, a Sete Mil Palmos e Sete Mil Palmos “Otto, o Mordomo”. O que me chamou a atenção logo de cara foi o nome. Simples e Criativo. Depois comecei a ler e tudo começa com seguinte premissa: “Existe um lugar, longe do olhar, onde os bons caem e os maus se fazem, nem quente nem frio, claro ou escuro, abaixo do mar, à sete mil palmos.”

A partir daí, começa a história dos três personagens principais: Ramsey, a múmia; Saly, a bruxa e Doni, o demônio. A primeira hq é uma história completa mas também pode ser lida página a página, o que é diferente e bem legal. Cada página conta uma pequenina parte da história de como eles se conhecem, do porque e mostra também algumas coisas que eles fazem juntos.

Apesar de ser uma história mais infantil, me agradou muito o estilo do desenho e toda a ideia dos personagens e interações. Recomendo muito. A segunda hq é focada apenas em um personagem que aparece na primeira, como um spin off. Já é colorida e não tem a mesma estrutura de cada página contando uma “história completa”, então achei ela mais comum e gostaria que a estrutura da primeira tivesse sido mantida. Uma pena!

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Nota HQQISSO:

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Quer mais? Acesse: Sete mil palmos

pant-capaPANT – Péricles Ianuch

Essa história é animal!!!

Péricles, perdão pela piada infame, mas é que gostei de verdade da hq. Simples, quase sem diálogos, na verdade um monólogo, com um desenho a primeira vista despretensioso mas que depois revela-se uma arte completa em conteúdo e significado. Não é preciso rabiscar milhares de vezes pra contar uma boa história. Pant é assim.

Imagine um monstro com um gosto específico para suas vítimas, imagina se ele fica seu amigo, virasse seu companheiro… mas ele ainda precisa comer. O que você faz?

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Como o próprio autor diz, Pant é sobre um corredor, um monstro e hábitos alimentares e como tudo isso se encaixa é a razão pela qual você deve ler essa hq. Também em preto e branco, o que faz o monstro ainda mais assustador e com um final interessante. Achei a capa fantástica e no final o autor mostra de onde veio a inspiração para o monstro da hq. Gostei muito dessa “revelação”.

O quanto vale uma amizade entre homem e animal? Descubra lendo Pant!!!!

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Nota HQQISSO:

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Quer mais? Acesse: Péricles Ianuch

Por hoje é só pessoal.

Espero que tenham gostado e que tenham a oportunidade de ler essas ótimas hq’s.

Até a próxima e boas leituras!!!

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